Sábado, pela manhã, no rebote da festa a fantasia, lá vou eu pro lançamento do livro da minha amiga (contemporânea de colégio e duas faculdades): Laura Henriques - a bonitona encalhada. Olha o blog dela aí do lado.
A dedicatória que ela me escreveu não poderia ser mais propícia:
"Luísa, espero que você se divirta com meus casos de bonitona encalhada, mesmo sabendo que seu estado civil é desinteressada! Bjos!"
Saindo do evento, resolvo passar no Posto Ponte Nova (ao lado do Marista Hall) pra lavar o imundinho do meu carro - programa mais masculino impossível, pois eu não dou a mínima pra sujeira, tanto é que ele ficou imundo por 2 meses, rs.
Tô lá na fila - que, por incrível que pareça, anda rapidão; podem virar clientes - quando dou de cara com meu ex-mocinho (as coisas findas, muito mais que lindas, só dão confusão! rs). E eu lá, lendo o livro da bonitona encalhada (hehehe).
Ah! Pra que!? Ironizou desde o meu lencinho até o meu livrinho que, segundo o mocinho, é livro de auto-ajuda. Mas ele não aguentou a curiosidade e leu um capítulo - vai ganhar um de Natal, rs.
Bom, a fila anda (lógico, os carros da frente vão sendo lavados, rsrs) e eu fui embora com meu lencinho e meu livrinho, que indico pra vocês, mocinhas e mocinhos. Não tem nada de auto-ajuda! Vejam a inteligência da paródia feita a partir do poema de Drummond (que eu colei logo abaixo). Não precisa nem falar que eu li o livro em 48h, de tão engraçado que é!
Amar o perdido
Laura Henriques
Amar o perdido
é doido e doído
só dá confusão
Nada pode o "falecido"
senão ser ex-quecido,
ex-pulso do coração
O passado invencível
torna impossível
um novo bonitão
Mas limpando sua mente
os bonitões do presente
lindos, chegarão!
Memória
Carlos Drummond de Andrade
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
O difícil é tornar o passado um defunto, torná-lo um cadáver em processo de putrefação dentro do coração. Eis uma tarefa árdua. Mas não há nada que o tempo não cure.
ResponderExcluirKmila
É... todo o ideal morando no passado até novas sensações (renovadoras, inexprimíveis...) afagarem o antigo coração.
ResponderExcluirPra reafirmar vou deixar uma letra interessante:
Rubi - Ai
(Tata Fernandes / Kleber Albuquerque)
Deu meu coração de ficar dolorido
Arrasado num profundo pranto
Deu meu coração de falar esperanto
Na esperança de ser compreendido
Deu meu coração equivocado
Deu de desbotar o colorido
Deu de sentir-se apagado
Desiluminado
Desacontecido
Deu meu coração de ficar abatido
De bater sem sentido
Meu coração surrado
Deu de arrancar o curativo
Deu de cutucar o machucado
Deu de inventar palavra
Pra curar de significado
O escuro aço denso do silêncio
De um coração trespassado