maio 24, 2009

A Bonitona Encalhada

Sábado, pela manhã, no rebote da festa a fantasia, lá vou eu pro lançamento do livro da minha amiga (contemporânea de colégio e duas faculdades): Laura Henriques - a bonitona encalhada. Olha o blog dela aí do lado.


A dedicatória que ela me escreveu não poderia ser mais propícia:


"Luísa, espero que você se divirta com meus casos de bonitona encalhada, mesmo sabendo que seu estado civil é desinteressada! Bjos!"


Saindo do evento, resolvo passar no Posto Ponte Nova (ao lado do Marista Hall) pra lavar o imundinho do meu carro - programa mais masculino impossível, pois eu não dou a mínima pra sujeira, tanto é que ele ficou imundo por 2 meses, rs.


Tô lá na fila - que, por incrível que pareça, anda rapidão; podem virar clientes - quando dou de cara com meu ex-mocinho (as coisas findas, muito mais que lindas, só dão confusão! rs). E eu lá, lendo o livro da bonitona encalhada (hehehe).


Ah! Pra que!? Ironizou desde o meu lencinho até o meu livrinho que, segundo o mocinho, é livro de auto-ajuda. Mas ele não aguentou a curiosidade e leu um capítulo - vai ganhar um de Natal, rs.


Bom, a fila anda (lógico, os carros da frente vão sendo lavados, rsrs) e eu fui embora com meu lencinho e meu livrinho, que indico pra vocês, mocinhas e mocinhos. Não tem nada de auto-ajuda! Vejam a inteligência da paródia feita a partir do poema de Drummond (que eu colei logo abaixo). Não precisa nem falar que eu li o livro em 48h, de tão engraçado que é!

Amar o perdido

Laura Henriques

Amar o perdido
é doido e doído
só dá confusão

Nada pode o "falecido"
senão ser ex-quecido,
ex-pulso do coração

O passado invencível
torna impossível
um novo bonitão

Mas limpando sua mente
os bonitões do presente
lindos, chegarão!



Memória
Carlos Drummond de Andrade


Amar o perdido

deixa confundido

este coração.




Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.





As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão.




Mas as coisas findas,

muito mais que lindas,

essas ficarão.

2 comentários:

  1. O difícil é tornar o passado um defunto, torná-lo um cadáver em processo de putrefação dentro do coração. Eis uma tarefa árdua. Mas não há nada que o tempo não cure.
    Kmila

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  2. É... todo o ideal morando no passado até novas sensações (renovadoras, inexprimíveis...) afagarem o antigo coração.
    Pra reafirmar vou deixar uma letra interessante:


    Rubi - Ai
    (Tata Fernandes / Kleber Albuquerque)

    Deu meu coração de ficar dolorido
    Arrasado num profundo pranto
    Deu meu coração de falar esperanto
    Na esperança de ser compreendido

    Deu meu coração equivocado
    Deu de desbotar o colorido
    Deu de sentir-se apagado
    Desiluminado
    Desacontecido

    Deu meu coração de ficar abatido
    De bater sem sentido
    Meu coração surrado
    Deu de arrancar o curativo
    Deu de cutucar o machucado

    Deu de inventar palavra
    Pra curar de significado
    O escuro aço denso do silêncio
    De um coração trespassado

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